Crescimento: de MEI para microempreendedor |
Seg, 19 de Maio de 2014 17:15 |
História de empresários que abriram negócio como MEI, mas cresceram e hoje já são microempreendedores O velho e pequeno trailer que durante anos serviu como ponto de venda dos sanduíches que o jovem casal Adriano e Bela Ribeiro Guedes faz na cidade de Juquiá, na região do Vale do Ribeira, ainda fica estacionado na rua ao lado da nova lanchonete, a Guaxika´s Lanches. O espaço foi construído recentemente pelos empreendedores para poder atender à demanda de crescimento que o negócio vem experimentando nos últimos cinco anos. Neste período, Adriano e Bela migraram da categoria de Microempreendedor Individual (MEI) para Microempresa (ME), devido ao aumento do faturamento da atividade. "O trailer valoriza a nossa história, por isso tem um lugar de destaque em nossa vida. Tanto que vamos reformá-lo em breve para que possa entrar em ação novamente, como uma espécie de filial móvel da Guaxika´s", comenta Adriano, dono do trailer e da nova lanchonete que se consolidou por oferecer produtos diferenciados à clientela da cidade e região. Adriano aprendeu o ofício há cerca de uma década como ajudante de um dono de carrinho de lanches da cidade. Depois, quando era funcionário de uma grande indústria instalada no município, continuou fazendo sanduíches nos horários de folga para vender a outros funcionários e amigos. Quando saiu da empresa e já contando com a parceria da esposa Bela, formada em Administração de Empresas, improvisaram um local na garagem da casa alugada onde moravam e começaram a fazer cerca de uma dezena de sanduíches por dia, consumidos por vizinhos e amigos. Mas um número cada vez maior de novos clientes foi ocupando o pequeno espaço e, para ampliar a capacidade de atendimento, o casal decidiu investir na compra do trailer, que ficava estacionado na frente da casa. Mais tarde, o trailer foi para a avenida e começou a circular por eventos e festas da cidade. Hoje, no prédio amplo e espaçoso da nova lanchonete que ergueram e onde atendem há pouco mais de um ano, Adriano e Bela servem diariamente uma média 300 sanduíches nos períodos de maior movimento - entre quinta-feira a domingo. Sanduíche especial chama atenção "Garantir qualidade nos produtos e no atendimento aos clientes" é o que move os empreendedores à frente da Guaxika´s Lanches. Com criatividade e atenção cuidadosa às preferências da clientela, eles imprimiram sua marca nos sanduíches, conhecida inicialmente na base do boca a boca dos primeiros fregueses e que depois foi ganhando fama e se espalhou pela cidade. "A gente fica orgulhosa quando vê pessoas daqui e até de outras cidades da região voltando à casa várias vezes, porque gostaram tanto do lanche quanto do atendimento", comenta Bela. A lanchonete oferece 10 tipos de sanduíches que atendem a todos os gostos, tendo como carro-chefe o "X-Guaxica", que pesa quase dois quilos e é capaz de alimentar até quatro pessoas. Para os donos da casa, tudo neste sanduíche é especial. A começar pelo nome, emprestado do apelido pelo qual Adriano é conhecido na cidade e que, por sua vez, ele herdou do pai, José Benedito. "Esse nome agregou valor ao nosso empreendimento e produtos", ressalta Adriano. Um diferencial do lanche é o pão, com cerca de 360 gramas e coberto por gergelim, produzido especialmente para a lanchonete por uma fábrica de pães do município de Jacupiranga. Os três hambúrgueres que fazem parte do recheio também são diferentes – temperados - o que dá um toque especial no sabor. Aos ingredientes de qualidade juntam-se os temperos da casa, mais a eficiência e a rapidez no atendimento aos clientes e está pronta a receita de sucesso do Guaxica´s. O atendimento personalizado aos fregueses já fidelizados é outro destaque do lugar. "Damos nome dos clientes aos lanches, o que acaba valorizando tanto a pessoa quanto sua preferência de ingredientes e sabores", comenta Adriano. Também fazem sucesso os sanduíches conhecidos como "adventista" e "vegetariano", entre outros montados de acordo com o perfil dos consumidores que frequentam o local. Trajetória empreendedora Protagonistas de uma trajetória empreendedora, Adriano e Bela lembram que enfrentaram muitas dificuldades no caminho e ainda se deparam com vários desafios. "Desde quando saímos da informalidade e viramos MEI, muita coisa melhorou", ressalta o empresário. Com a nota fiscal de MEI, eles começaram a prestar serviços para empresas e em eventos municipais e regionais, além de comprar ingredientes e produtos que utilizam na lanchonete diretamente de grandes fornecedores e atacadistas, o que acabou melhorando o custo de produção. Outra vantagem foi a oportunidade de acesso ao crédito. "Por trabalhar legalizado como MEI, conseguimos financiamento para comprar o terreno onde hoje temos nossa casa e a lanchonete". O fato de terem evoluído de MEI para Microempresa (ME) – categoria onde podem atingir um faturamento de até R$ 360 mil/ano – é também destacado por eles como resultado do esforço que dedicam à atividade. Mas, além disso, eles lembram que, desde o início, tentam colocar em prática tudo que aprenderam em mais de uma dezena de cursos e palestras que participaram ao longo do período. "Fui motivado a formalizar o negócio na primeira palestra que assisti do Sebrae sobre o MEI. Foi muito importante esse incentivo que tivemos no início", comenta Adriano. "Depois fomos fazendo cursos para aprender a controlar custos, cuidar das finanças, formar preço, como agradar os clientes, tudo foi importante. Mas uma coisa que eu aprendi com o Sebrae e que tem feito toda a diferença é saber planejar e ter uma visão mais ampla da atividade", ressalta. Tanto que, mesmo tendo agora uma microempresa, os empreendedores procuram medir os passos futuros. "Queremos crescer moderadamente, sem euforia. Se a gente der um salto muito alto e investir sem condições, perde não só o controle, mas a qualidade e o cliente", diz Bela. Os investimentos mais recentes feitos na lanchonete são a instalação de um painel eletrônico de senha, uma máquina de sorvete italiano e o serviço de acesso gratuito à internet, além da máquina de cartões de crédito e de um pequeno espaço de lazer para as crianças. O próximo passo do casal é colocar uma nova fachada no prédio e ampliar a cozinha. Eles também planejam estender o horário de funcionamento para o período diurno, quando pretendem oferecer mais um serviço que já vêm testando a pedido de alguns clientes: a entrega de yakissoba, prato muito apreciado na região.
Agência Sebrae - 19/05/2014 |